Trabalho Pronto - Lima Barreto

Resumo sobre o autor Lima Barreto.

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Trabalho Pronto - Lima Barreto
Lima Barreto

Biografia

Afonso Henrique de Lima Barreto foi funcionário público, jornalista e boêmio. Mestiço de origem humilde, era alcoólatra e foi internado em hospícios. Filho de um culto tipógrafo, Lima Barreto era por ele influenciado a seguir a carreira da Medicina, mas se tornou engenheiro civil. Conseguiu depois um cargo no Ministério da Guerra, do qual foi aposentado por invalidez. Sempre sofrendo preconceito dos colegas durante a juventude, foi ignorado pela crítica quando lançou suas primeiras obras, já que não se submetia a proteção de outros escritores da época (ele detestava Coelho Neto em particular). Lima Barreto também não gostava dos outros escritores mulatos contemporâneos seus: Machado de Assis e João do Rio (foi para a vaga deste último na ABL que Lima concorreu na sua última tentativa). 

Mas sua revolta contra Machado era fachada: apesar de chamar Aluísio de Azevedo o maior escritor brasileiro e maldizer Machado, não tinha sequer uma obra do primeiro e tinha as principais do segundo. Isso provavelmente vinha de que ambos eram mulatos de origem humildes que foram aceitos pela sociedade carioca. Uma das pessoas que o apoiou foi Monteiro Lobato, que na época possuía uma editora. Monteiro viu Lima Barreto duas vezes. Na primeira, Lima estava tão bêbado e maltrapilho que Monteiro Lobato sequer se identificou para não humilhá-lo. 

Na segunda foi quando estava tentando "secar" Lima, que ia então dar uma palestra, que chegou a escrever toda; no dia da palestra o encontraram bêbado na sarjeta. Morreu de doenças de fundo hepático; seu funeral foi concorrido, mas não por intelectuais e pela alta sociedade, mas pelos pobres e anônimos suburbanos sobre quem escrevia. Dois dias após sua morte seu pai (que também sofria de doenças mentais) morreu, suas últimas palavras sendo "Morreu Afonso?"

Isso tudo, no entanto, não influenciou sua brilhante carreira literária (bem, quanto à sucesso contemporâneo, sim; quanto à qualidade, não), onde escreveu contos como A nova Califórnia, sátiras como Os Bruzundangas e romances como Triste Fim de Policarpo Quaresma (que já foi adaptado para o cinema com Paulo José no papel-título), Recordações do Escrivão Isaías Caminha, Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (estes três romances com nítidos tons autobiográficos), Numa e Ninfa e Clara dos Anjos, para citar os mais famosos. (Estes dois últimos romances, o conto citado e várias outras histórias foram transformadas em novela pela Rede Globo com o título de "Fera Ferida", sem usar muita fidelidade ao original.) Usava uma linguagem quase coloquial, sendo criticado de "desleixado". 

Citações

"Não se sabia onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele algum regionalismo; Quaresma era antes de tudo brasileiro." Triste Fim de Policarpo Quaresma "Iria morrer, quem sabe se naquela noite mesmo? E que tinha feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a Pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e agora que estava na velhice, como ela o recompensava? Matava-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. 

Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara." Triste Fim de Policarpo Quaresma "A mais estúpida mania dos brasileiros, a mais estulta e lorpa, é a da aristocracia. (…) Eles se casaram em toda parte, eles nunca se importaram com os seus forais, agora eu vou totalmente gritar por aí, pela rua do Ouvidor: eu sou Sá, nobre, fidalgo, escudeiro, etc., pois descendo de Salvador de Sá, etc. Isto digo eu que sou Sá!…" Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá " A felicidade final dos homens e seu mútuo entendimento tem exigido até aqui maiores sacrifícios…" Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá "Naquela hora, presenciando tudo aquilo, eu senti que tinha travado conhecimento com um engenhoso aparelho de aparições e eclipses, espécie complicada de tablado de mágica e espelho de prestidigitador, provocando ilusões, fantasmagorias, ressurgimentos, glorificações e apoteoses com pedacinhos de chumbo, uma máquina Marioni e a estupidez das multidões.

Era a Imprensa, a Onipotente Imprensa, o quarto poder fora da Constituição!" Recordações do Escrivão Isaías Caminha "Vinha triste e com a inteligência funcionando para todos os lados. Sentia-me sempre desgostoso por não Ter tirado de mim nada de grande, de forte e Ter consentido em ser um vulgar assecla e apaniguado de um outro qualquer. Tinha outros desgostos, mas este era o principal. Por que o tinha sido? Um pouco devido aos outros e um pouco devido a mim." Recordações do Escrivão Isaías Caminha "Na República da Bruzundanga, nunca houve grande gosto pelas coisas de espírito. 

A atividade espiritual daquelas terras se limita a alguns doutorados de sabedoria equívoca; entretanto alguns espíritos daquele Fonkim se esforçavam por dar um verniz espiritual à sociedade da terra. Escreviam livros e folhetos, revistas e revistecas de modo que, artificialmente, o país tinha uma certa atividade espiritual." Os Bruzundangas "Na sua vida, tão agitada e tão variada, ele sempre observou a atmosfera de corrupção que cerca as raparigas do nascimento e da cor de sua afilhada; e também o mau conceito que se têm as suas virtudes de mulher. A priori, estão condenadas; e tudo e todos pareciam condenar os seus esforços e os dos seus para elevar sua condição moral e social." Clara dos Anjos "Não somos nada nesta vida." Clara dos Anjos "Imagine o senhor que se trata de fazer ouro..." A Nova Califórnia