Resumo sobre o El Ninõ
Trabalho pronto escolar de geografia sobre o El Ninõ.
Durante o ano de 1997, o termo "El Niño" passou a fazer parte do vocabulário corrente, a propósito da referência ao fenómeno responsável pelas condições climáticas anormais que então se verificaram. Quem não se lembra da vaga de calor que nos atingiu em Fevereiro, secando rapidamente parte significativa dos solos do nosso país e comprometendo as colheitas? E das cheias que assolaram o país durante o Outono?
No entanto, apesar da frequência com que o termo "El Niño" tem sido utilizado na comunicação social, o cidadão médio continua sem ter uma noção clara do fenómeno que se esconde nesta designação de origem castelhana, ou até de que modo o mesmo se pode reflectir nas nossas vidas.
O fenómeno "El Niño"ou, em português, "O Menino" deve o seu nome à imaginação dos pescadores peruanos e à altura em que normalmente ocorre: a seguir ao Natal. Na comunidade científica utiliza-se a expressão "El Niño Southern Oscillation" ou "ENSO" para designar este fenómeno. Junto à costa do Peru existe uma corrente de água fria designada por corrente do Peru, com origem nos mares frios Antárcticos. Durante o "El Niño" esta corrente enfraquece e a temperatura da água junto à costa peruana sobe significativamente. Nessas alturas, os pescadores sabem que maus tempos se avizinham. A sua principal fonte de rendimento - a pesca da anchova - diminui consideravelmente, as aves marinhas morrem de fome e o clima altera-se, ocorrendo grandes precipitações e cheias.
Para entender como é que estas alterações no quotidiano dos peruanos podem reflectir-se um pouco por todo o mundo é necessário compreender as suas causas e os seus efeitos. Quando assistimos ao Boletim Meteorológico na TV damo-nos conta da existência na atmosfera de regiões de altas e de baixas pressões. A existência destas diferenças de pressão é responsável pelos ventos e pelas chuvas. A sua localização é variável, mas sabe-se que existem regiões no planeta onde predominam umas ou outras. Alterações na sua localização induzem alterações nos regimes de ventos, na precipitação e nas correntes marítimas.
Na América do Sul, junto à costa do Peru, os ventos predominantes são os Alísios, que sopram de terra para o mar (os mesmos ventos de leste que ajudaram os antigos navegadores na travessia do Atlântico, em direcção à América). Por acção do vento a água do mar à superfície é empurrada para longe da costa e substituída por água do fundo, fria e rica em nutrientes que alimenta um plâncton abundante. Este serve de alimento a grandes quantidades de peixe, principalmente anchovas que, por sua vez, alimentam uma importante fauna de aves marinhas e são alvo de pesca.
Os Alísios que sopram sobre o Peru dependem da existência de uma região de altas pressões situada sobre a América do Sul e de uma região de baixas pressões situada sobre a Indonésia e a Austrália. Durante o ENSO a diferença de pressão entre estas duas regiões enfraquece e a sua localização altera-se, ao ponto de os Alísios deixarem de soprar. Na sua ausência, a água do fundo deixa de aflorar à superfície e de alimentar o plâncton. Deste modo, os peixes e as aves morrem de fome e os pescadores passam tempos difíceis.
Esta alteração na distribuição da pressão atmosférica reflecte-se um pouco por toda a atmosfera. Junto ao Peru chove abundantemente pois os ventos sopram do mar trazendo muita humidade. Noutros locais do mundo ocorrem secas ou precipitações anormais. Deste modo, o despoletar do "El Niño" reflecte alterações na distribuição da pressão atmosférica que por sua vez provocam alterações na circulação global. Os ventos passam a soprar de direcções e com intensidades diferentes das habituais, podendo levar ar seco para regiões habitualmente húmidas e ar húmido para regiões habitualmente secas. As consequências do "El Niño" manifestam-se ao longo de vários meses até que o sistema Oceano-Atmosfera recupere o seu estado "normal".
O "El Niño" ocorre com uma periodicidade variável (entre 3 e 8 anos) e faz-nos lembrar que, apesar de todos os avanços tecnológicos, a humanidade continua a depender fortemente dos caprichos da natureza. Quando assistimos às catástrofes naturais, provocadas por anomalias climáticas, como o "El Niño", não podemos deixar de pensar no que acontecerá como consequência das alterações climáticas, resultantes do efeito de estufa, e agravadas pela destruição das florestas tropicais.