Resumo III Memórias Póstumas de Brás Cubas

Resumo do Livro Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis.

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Resumo III Memórias Póstumas de Brás Cubas
Memórias Póstumas de Brás Cubas

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

Apesar de inaugurar em 1881 tanto a fase realista de Machado de Assis quanto o próprio Realismo, Memórias Póstumas de Brás Cubas é marcado pelo fantástico e absurdo, a começar pelo título (como memórias podem ser póstumas?) e pela dedicatória (“ao verme que primeiro roeu as carnes de meu cadáver”).

Esses elementos, somados à óptica do narrador, um defunto autor, que analisa tudo de forma sarcástica e isenta, pois está no reino dos mortos, fazem o texto filiar-se a uma tradição literária do início da era cristã e que já havia alimentado outras obras, como o Auto da Barca do Inferno: a sátira menipéia.

Resumo

Brás Cubas, já falecido, conta, do outro mundo, as suas memórias: Expirei em 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.

Assevera que morreu de pneumonia apanhada quando trabalhava num invento farmacêutico, um emplastro medicamentoso. Virgília, sua ex-amante, que já não via há alguns anos, visitou-o nos últimos dias de vida. Narra Brás Cubas um delírio que teve durante a agonia: montado num hipopótamo foi arrebatado por uma extensa e gelada planície, até o alto de uma montanha, de onde divisa a sucessão dos séculos.

Além dos pais, três pessoas tiveram grande influência na educação do pequeno Brás Cubas: tio João, homem de língua solta e vida galante; tio ldefonso, cônego, piedoso, e severo; Dona Emerenciana, tia materna, que viveu pouco tempo.

Brás passou uma infância de menino traquinas, mimado demasiadamente pelo pai. Aos dezessete anos apaixonou-se por Marcela, dama espanhola, com quem teve as primeiras experiências amorosas. Para agradar Marcela, Brás começa a gastar demais, assumindo compromissos graves e endivida-se.

Marcela gostava de jóias, e Brás procurava fazer-lhe todos os gostos. Marcela amou-me, diz Brás Cubas, durante quinze meses e onze contos de réis. Quando o pai tomou conhecimento dos esbanjamentos do filho, mandou-o para a Europa: vais cursar uma Universidade, justificou.

Em Coimbra, Brás segue o curso jurídico e bacharela-se. Depois, atendendo a um chamado do pai, volta ao Rio: a mãe estava doente. E, de fato ao chegar no Brasil, a mãe falece. Passando uns dias na Tijuca, conhece Eugênia, moça bonita, mas com um defeito na perna que a fazia mancarr um pouco. Com ela mantém um romance passageiro.

O pai de Brás tem duas ambições para o filho: quer casá-lo e fazê-lo deputado. Tudo faz para encaminhá-lo no rumo do casamento e procura aumentar o círculo de amigos influentes na política, a fim de preparar o caminho para o futuro deputado. É assim que Brás Cubas é apresentado ao Conselheiro Dutra, que promete ajudar ao jovem bacharel na pretendida ascensão política.
Brás nesta altura vem a conhecer Virgília, filha do Conselheiro Dutra, pela qual se apaixona.

Parecia, com isso, que os sonhos do pai sobre Brás estavam prestes a realizar-se: bem-encaminhado na política e quase noivo. Entretanto acontece um imprevisto: surge Lobo Neves, que não somente lhe rouba a namorada, mas também cai nas boas graças do Conselheiro Dutra. Vendo o filho assim preterido, o pai de Brás sente-se profundamente desapontado e magoado. Faleceu alguns meses adiante, de um desastre.

Virgília casa-se com Lobo Neves e, pouco tempo depois, vê o marido eleito deputado. Mas, na verdade, Virgília casara-se com Lobo por interesse, e amava realmente Brás Cubas. Virgília e Brás principiam a encontrar-se com freqüência e, em breve, tornam-se amantes.

Lobo Neves adora a esposa e nela confia inteiramente. Aliás não tinha muito tempo para observar o que se passa, já que estava entregue totalmente à política.

Nesta altura Brás Cubas narra o encontro que teve com seu ex-colega de escola primária, Quincas Borba, que se tornara um infeliz mendigo de rua. Depois do encontro com Quincas, Brás percebe que o maltrapilho lhe roubara o relógio.

Os encontros amorosos entre Virgília e Brás suscitam comentários e mexericos dos vizinhos, amigos e conhecidos. Por esse motivo, Brás propõe a Virgília a fuga para um lugar distante.

Virgília, porém, pensa no marido que a ama e na família, e sugere uma casinha só nossa, metida num jardim, em alguma rua escondida. A idéia parece boa a Brás, que sai remoendo a proposta: uma casinha solitária, em alguma rua escura. Virgília e sua ex-empregada, chamada Dona Plácida, se encarregam de adornar a casa e, aparentemente, quem ali reside é Dona Plácida. Ali os dois amantes se encontram sem maiores embaraços, e sem despertarem suspeitas.

Sucede que, por motivos políticos, Lobo Neves é designado como presidente de uma província e, dessa, forma, tem de afastar-se com a mulher. Brás fica desesperado e pede a Virgília que não o abandone. Quando tudo parece sem solução, eis que surge Lobo Neves e, para agradar ao amigo da família, convida Brás Cubas a acompanhá-lo, como secretário. Brás aceita.

Os mexericos se tornam mais intensos e Cotrim, casado com Sabina, irmã de Brás Cubas, procura fazer ver ao cunhado que a viagem seria uma aventura muito perigosa. Mais por superstição do que pelos conselhos de Cotrim, Lobo Neves acaba não aceitando mais o cargo de presidente, porque o decreto de nomeação saíra publicado no Diário Oficial num dia 13, e Lobo Neves tinha pavor do número treze considerado um número fatídico.

Lobo Neves recebe uma carta anônima denunciando os amores da esposa com o amigo. Isso faz com que os dois amantes se mostrem mais reservados, embora continuem encontrando-se na Gamboa (onde ficava a casa de Dona Plácida).

Surge então um acontecimento que veio alterar a situação dos personagens: Lobo Neves é novamente nomeado presidente, e desta vez parte então para o interior do país,  levando consigo a esposa. Brás procura distrair-se e esquecer a separação. Aliás, o tempo se havia escoado e, embora ainda se sentisse forte e com saúde, era já um cinquentão.

A irmã Sabina, que vinha procurando arranjar um casamento para Brás, volta a insistir em seu objetivo. A candidata, uma moça prendada, chamava-se Nhá-Loló. Mesmo sem entusiasmo, Brás aparenta interesse pela pretendente, mas Nhá-Loló veio a falecer durante uma epidemia.

O tempo vai passando. Mais por distração do que por idealismo. Faz-se deputado e, na assembléia, vem a encontrar-se com Lobo Neves que havia voltado da província . Encontra-se também com Virgília, que não tinha a beleza antiga que o havia atraído anteriormente. Assim, por desinteresse recíproco, chegam ao fim os amores de Brás e Virgília.

Quincas Borba, o mendigo, reapareceu e lhe restituiu o relógio, passando a ser um freqüentador da casa de Brás. Quincas Borba estava mudado: não era mais mendigo, recebera uma herança de um tio em Barbacena.

Virara filósofo: havia inventado uma nova teoria filosófica-religiosa, o Humanitismo, e não falava noutra coisa. O próprio Brás Cubas passa a interessar-se muito pelas teorias de Quincas Borba.

Morre, por esse tempo, Lobo Neves, e Virgília chorou com sinceridade o marido, como o havia traído com sinceridade. Também vem a falecer Quincas Borba, que havia enlouquecido completamente.

Brás Cubas deixou este mundo pouco depois de Quincas Borba, por causa de uma moléstia que apanhara quando tratava de um invento seu, denominado emplastro Quincas Borba.

E o livro conclui: Ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas (refere-se ao último capítulo do livro): não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria".

Personagens

Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e rijo”, fidalgo

Virgília - filha do comendador Dutra, segundo o pai de Brás, Bento Cubas A “Ursa Maior” amante de Brás Cubas casa-se com Lobo Neves por interesse.

Lobo Neves - casado com Virgília, homem frio e calculista.

Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o ao colega após receber uma herança.

Desenvolve a filosofia do Humanitismo: “Ao vencedor as batatas ao vencido ódio ou compaixão”.

Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e onze contos de réis.

Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa.

Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre amarela.

Cotrim - casado com Sabina, irmã de Brás; ambos interesseiros

Nhonhô - filho de Virgília

  1. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua relação extra conjugal.