Resumo do Livro O Príncipe de Nicolau Maquiavel

Resumo do Livro O Príncipe de Nicolau Maquiavel.

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Resumo do Livro O Príncipe de Nicolau Maquiavel
O Príncipe

Resumo do Livro: O Príncipe

Em seguida, constata-se um questionamento da utilidade das fortalezas e outros meios em de proteção do Príncipe; o modo em que encontrará meios ainda maiores de exploração em pessoas que originalmente lhe apresentavam suspeitas em contrapartida às primeiras que nele depositavam confiança; como deve agir para obter confiança e maior estima entre seus súditos; a importância da boa escolha de governantes e ministros; e uma espécie de guia sobre o que fazer com os conselhos dados, estes, raramente úteis, quando se considera o interesse oculto de quem os dá.

Na última parte, que fala sobre os capítulos finais, Maquiavel foge de sua análise propriamente maquiavélica” na forma de um apelo à família real, de modo que esta adote resoluções em favor da libertação da Itália, dominada então pelos bárbaros. Terminada a breve exposição dos principais tópicos abordados no livro O Príncipe aqui sintetizado, conclui-se ser tamanha a complexidade organizacional de um Estado, que se recorre a todo e qualquer meio não importando de como fará para obter o poder, justo ou injusto, da república à tirania, par ter-se como conseqüência não um país justo no sentido próprio da palavra- ao menos não se julga, habitualmente, haver uma possibilidade de fazer-se justiça com relação a todos os integrantes de uma sociedade ou grupo de extensão considerável, principalmente, com o respeito perante aos demais países/nações, o que certamente propiciaria um meio sadio e mais tranqüilo de propriamente dito de governar e viver, tanto ao Príncipe quanto aos seus seguidores.

PRÍNCIPE NICOLAU, Maquiavel. O Príncipe. 31ªed. São Paulo: Martin Claret, 2006. O livro “O Príncipe” é uma obra que ensina como adquirir e manter principados, Maquiavel dedica esse livro ao Lorenzo, filho de Piero de Médicis. Nesse livro Maquiavel demonstra seu conhecimento das ações dos grandes homens apreendido por uma longa experiência das coisas modernas e uma contínua lição das antigas. No capítulo I Maquiavel afirma que no decorrer da história, todos os Estados que existem e já existiram são e foram sempre repúblicas ou principados.

Os principados podem ser de família para família ou podem ser principados novos, no caso de domínios anexados. No capítulo II Maquiavel afirma que o Estado herdado (hereditário) possui menores dificuldades para serem mantidos, bastando que o governador evite transgredir os costumes tradicionais, não ofenda seus súditos e adapte-se a circunstâncias imprevistas. Em contrapartida no capítulo III Maquiavel diz que os príncipes de Estados novos encontrarão dificuldades, pois se trata de membro ajuntado a Estado hereditário, assim os homens do Estado antes hereditário e agora misto, se acham melhores que seus senhores e levantam as armas contra os mesmos. Logo o conquistador deve evitar injuriar os conquistados, mudar suas leis e seus impostos deve apoiar os menos poderosos sem aumentar-lhes as forças, deve abater os de maior poder e não permitir que os Estados estrangeiros exerçam sobre suas colônias sua influência.

O conquistador deve observar também se os Estados anexados possuem ou não mesma região e língua, pois se não possuírem, será necessário que se extinga o sangue da linhagem do antigo príncipe e assim em breve se terá um Estado novo, tendo o príncipe que fixar residência nesse novo Estado para que esteja sempre a par dos problemas que irão surgir, de forma que sejam resolvidos com maior brevidade possíveis para que não tomem grandes e irremediáveis proporções, e ele perca o principado; outro remédio econômico e eficaz é organizar colônias em lugares estratégicos, tratando bem os homens ou aniquilando-os, pois só se pode injuriar alguém de quem não se teme a vingança, caso não organize colônias e prefira a presença do exército, deve ficar ciente que o povo apesar de vencido está em sua própria casa e a presença do exército injuria o povo.

O príncipe deve ter em mente que guerras não podem ser evitadas e quando adiadas, só trazem benefícios para os inimigos, porém não se deve valer apenas do desejo de conquistar, pois esse desejo é natural e comum sendo louvável quem obtém vitória na conquista, mas quem não tem condições de conquistar, mas quer fazê-lo a qualquer custo, comete grave erro digno apenas de recriminação, grande erro também é atribuir poder em demasia a outrem, quem assim faz está autorizando sua própria ruína.

No capítulo IV Maquiavel trata sobre os tipos de governos nos reinos, governos esses que podem ser por: um príncipe e vários barões, neste a posição se dá pela antiguidade da linhagem, possui laços de afeição natural, assim o Estado fica fácil de ser conquistado, bastando corromper um barão para facilitar a invasão, contudo é uma conquista difícil de ser mantida, pois mesmo eliminando a família do príncipe, sobra os nobres que podem fazer revoluções futuras; outra forma de governo é o príncipe e seus ministros, bastando aniquilar a família do príncipe (não sobrará ninguém com prestígio), dizimar suas forças para que não consigam montar um exército, sendo mais simples manter o principado, por esse motivo o governador tem mais autoridade quando governa com seus ministros, pois ninguém é tido como superior, e isso evita revoluções.

No capítulo V Maquiavel trata sobre Estados que antes de conquistados tinham suas próprias leis, tais Estados devem ser arruinados, em seguida o governo deve residir ali, e deixar que continuem com suas leis e impor-lhes tributos, criar um governo de poucos, que se conservem amigos, porque nesses Estados em nome da liberdade perdida e antigas tradições sempre ocorrerão rebeliões. No capítulo VI Maquiavel trata sobre os novos domínios conquistados com valor e com as próprias armas, sendo que nos novos domínios, onde há um novo soberano, será mais ou menos fácil conservá-lo, vai depender da virtude de quem os adquirir, contudo os menos afortunados se mantiveram melhor, pois examinando os feitos de quem assim se tornou príncipe, observou-se que em nada deveram à sorte e sim à oportunidade, pois sem essa oportunidade seus valores não teriam sido aproveitados; sem estes, a oportunidade seria vã.

É muito difícil instituir uma nova ordem de coisas, pois tal iniciativa suscita a inimizade de todos os que são beneficiados pela ordem antiga, isso faz com que os últimos ataquem sempre que tiverem oportunidade, porém os que são beneficiados com a nova ordem irão defender o príncipe tepidamente contra esses ataques, sendo de fundamental importância os inovadores serem independentes, pois se não conseguir persuadir o conquistado, se faz com que acreditem pela força.

No capítulo VII Maquiavel trata sobre os novos domínios conquistados com as armas alheias e boa sorte, esclarecendo que quem assim recebe poder, ou seja, em troca de graça alheia ou dinheiro, não poderá manter-se no poder por ali estar por motivos volúveis e instáveis, exceto se a pessoa que estiver no poder possuir muita virtude a ponto de saber conservar o poder que recebeu tão de súbito. Há dois caminhos para se tornar um príncipe - pelo valor e pela sorte.

O príncipe deve lançar os alicerces do poder antes de alcançá-lo com valor, usar de amizades influentes, usar a força ou a fraude, fazer-se amado e temido, ser grato e severo, magnânimo e liberal, destruir os que podem e querem ofendê-lo, substituir os infiéis militantes por novos e fiéis, ou seja, para garantir novos domínios o príncipe não deve medir esforços, tomando o cuidado de não ser odioso e injuriador por demais.

No capítulo VIII Maquiavel trata dos que com atos criminosos chegaram ao governo de um Estado, que obtiveram seu principado pela maldade, por vias contrárias a todas as leis humanas e divinas ou pelo favor dos concidadãos. Tais principados não estão diretamente ligados à sorte ou ao merecimento. A crueldade deve ser usada de forma adequada e sem continuidade a cada dia, caso contrário o povo não ficará tranqüilo, se sentirá injuriado e o príncipe terá sempre que andar com arma em punho, sem poder jamais confiar em seus súditos. No capítulo IX Maquiavel trata do governo civil.

O principado civil não necessita atuar usando suas crueldades ou usar de outra qualquer intolerável violência, mas sim pelo puro e forte favor dos concidadãos. Contudo, para se chegar a tomar posse de cadeira ou cargo, porventura, pode-se dizer que para chegar a tal ponto se faz por necessário, somente pelo favor do povo ou pelo favor dos poderosos. O povo não quer ser oprimido pelos grandes e estes desejam governar e oprimir o povo, o povo dá reputação a um cidadão e o elege príncipe para que esse o proteja com sua autoridade; já os grandes que não podem resistir ao povo (que são muitos), começam a dar reputação a um dos seus elementos e o fazem príncipes, para poderem viver à sua sombra satisfazendo seus apetites, logo, o principado é estabelecido pelo povo ou pelos grandes, segundo a oportunidade que uma dessas partes tiver.

Numa dissensão os nobres tendem para salvar-se, ficar do lado de quem eles presumem ser o vencedor, a diferença é que os nobres podem ser dispensados pelo príncipe, porém o povo é constituído por muitos e não dá para serem ignorados, são mais fáceis de serem agradados, bastando não serem oprimidos, portanto é necessário que o príncipe tenha o favor do povo, senão, não encontrará seu apoio na adversidade.

O príncipe deve acautelar-se em passagem de governo civil para governo absoluto, pois nesse último pode haver privação do príncipe no poder soberano, uma vez que o povo acostumado a obedecer apenas os magistrados, não estará preparado para obedecerem ao príncipe. Por isso o príncipe prudente deve fazer sempre o povo precisar do seu governo. No capítulo X Maquiavel trata de como avaliar a força dos Estados através da análise de príncipes que ou são mantenedores de si mesmos ou são dependentes de auxílio alheio. No primeiro caso, esse príncipe possui um exército organizado, é senhor de uma cidade poderosa, não é odiado pelo povo e sabe como animá-lo nas adversidades, em caso do estado de sítio.

No segundo caso, esse príncipe não pode combater seus inimigos, pois não possui exército forte nem consegue manter-se, vive na defensiva se refugiando, enfim encontra-se em estado deplorável e de grande facilidade em ser atacado. No capítulo XI Maquiavel trata sobre os Estados eclesiásticos. Estes ou são conquistados pelo mérito ou por sorte, porém, como único exemplo, os principados eclesiásticos conseguem manter-se sem qualquer das duas, pois são sustentados pela religião. Estes podem proceder de qualquer forma, que mesmo assim se manterão no poder, devido à fortificação das suas instituições.

Só estes não precisam defender o Estado que possuem, e possuem súditos que não governam. Só estes principados são seguros e felizes. No capítulo XII Maquiavel trata dos diferentes tipos de milícia e de tropas mercenárias, ou seja, sistemas de defesa e ataque. Para o príncipe é necessário estabelecer sólidos fundamentos, senão viria à ruína, e ter boas leis e boas armas. As forças que um príncipe utiliza para defender o seu Estado, o são das seguintes formas: próprias, mercenárias, auxiliares ou mistas.

Os mercenários são ambiciosos, inúteis, perigosos e infiéis, assim sendo o príncipe não estará seguro e vai à ruína, pois eles só visam o salário e seus próprios interesses, aderindo as tropas inimigas se estas pagarem melhor. No capítulo XIII Maquiavel trata das forças auxiliares, mistas e nacionais. Os auxiliares (concedidas por um vizinho), não são mais do que armas prejudiciais.

Essas tropas podem por si mesmas ser úteis e boas, mas quase sempre acarretam prejuízos aos que as solicitam, pois se perderem, estará anulada, se vencerem o príncipe que a solicitou estará prisioneiro, isso porque o príncipe vencera não com suas armas, mas sim com armas estrangeiras. Os mercenários são desorganizados e objetivam apenas seus próprios interesses, além em muitas situações se recusarem a lutar, já os auxiliares são unidos, têm um interesse em comum e obedecem a uma única pessoa, eis o perigo, a sua eficiência. Portanto, aquele que, num principado não conhecer os males na sua origem não é verdadeiramente sábio, o que é dado a poucos. O principado só estará seguro se possuir armas próprias, deve estar sempre bem preparado para a guerra, zeloso pela sua tropa, pois sem uma forte e preparada força armada não existe virtude que o defenda na adversidade.

Um príncipe que não entenda de milícia, cairá numa situação de submissão, deixando de ser estimado pelos seus soldados e não poder ter confiança neles. Maquiavel no capítulo XIV trata dos deveres do príncipe para com suas milícias, uma vez que o mesmo como comandante não deve ter outro objetivo além da guerra e toda sua esfera, e praticar a arte da guerra mais ainda em tempos de paz, isso tanto pela ação quanto pelo pensamento ou estudo, caso contrário sua ruína é certa.

É interessante também o exercício da caça, que mantém os homens disciplinados e exercitados além de ajudar a conhecer a natureza das regiões. No capítulo XV Maquiavel diz que o modo como vivemos é muito diferente daquele como deveríamos viver, pois nossas condições humanas não permitem que possuamos apenas qualidades, sendo inevitável o uso de vícios, portanto o príncipe quando necessário deve utilizá-los de forma mais escrupulosa possível, exceto quando estes trouxerem o aumento de segurança e bem estar para o Estado. Caso contrário ele pode ter seu reinado abalado pelo escândalo.

No capítulo XVI Maquiavel mostra que para o principado correr bem e feliz, é necessário que o príncipe não seja pródigo e mantenha uma certa economia entre os bens do Estado, para que não precise tornar-se rapace, não tenha que explorar por demais seus súditos, tornando-se odioso e com o risco de empobrecer. É necessário gastar de forma gentil antes de chegar ao poder, depois que se chega, melhor é controlar os gastos, mesmo adquirindo a fama de miserável, pois não se fará odioso, nem empobrecido e poderá arcar com os custos da guerra. No capítulo XVII Maquiavel mostra que o príncipe deve preferir ser considerado piedoso, que cruel , ele deve evitar usurpar bens e mulheres dos seus súditos (senão será considerado odioso), tentando ser equilibrado não sendo brando demais nem exageradamente cruel (exceto se for para manter o Estado unido e fiel), procurando ser temido e amado (o temor e ausência do ódio podem coexistir), não sendo possível, melhor então que seja temido (é mais seguro, pelo medo do castigo), mas assim permanecendo-se auto vigilante. No capítulo XVIII Maquiavel trata sobre o comportamento do príncipe que, deve aparentar boa fé, humanidade, integridade e religião, frisando que ele deve apenas parecer possuir tais qualidades, pois na prática se ele observar tais preceitos, ele perderá seus domínios ou reputação. O príncipe por trás dessa máscara que ele deve astutamente dissimular precisa estar disposto a agir de má fé e praticar o mau quando for necessário.

Deve o príncipe ser obrigado a saber agir como um animal, valer-se das qualidades da raposa e do leão, ou seja, ser raposa para reconhecer as armadilhas e leão para afugentar os lobos, sabendo lutar assim pela lei e pela força. Na conduta dos homens, especialmente os príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justificam os meios. No capítulo XIX Maquiavel demonstra como o príncipe deve agir para evitar ser odiado e desprezado: evitar conduta rapace, deve respeitar patrimônio e honra dos súditos, deve lutar contra alguns ambiciosos, não deve ser tido como volúvel, frívolo, efeminado, tímido e irresoluto, deve fazer que suas decisões sejam irrevogáveis, acautelar-se contra seus súditos e contra as potências estrangeiras. Uma das formas mais importantes de se evitar conspirações é não ser odiado pela massa popular. Uma das formas mais importantes de acautelar-se contra as potências estrangeiras é ter boas armas e bons amigos, e sempre se terão bons amigos se tiverem boas armas.

O conspirador tem contra si o medo, os ciúmes, as suspeitas, o receio do castigo, já o príncipe tem a seu favor, a majestade do poder, as leis, a proteção oferecida pelos amigos e pelo Estado, logo, o soberano tem pouco a temer quando a disposição do povo lhe é propícia, porém quando seus súditos são hostis e o odeiam, precisará temer a todos e a cada um. Sabendo também o quanto a massa popular odeia os grandes senhores, e que se baseia no temor, e desejando assegurar-se contra eles, Maquiavel cita o parlamento como uma boa saída para garantir a liberdade do povo e a segurança do monarca, pois as vezes é necessário controlar os poderosos pondo-lhes freios em sua ambição e insolência, sendo que os príncipes devem delegar a outros as tarefas como as de julgamento através de uma terceira instituição neutra, ou seja, estimar os grandes sem evitar o ódio do povo. Maquiavel faz observações e comparações entre o ser príncipe e ser imperador, sendo que esse último, além de passar pelas dificuldades que um príncipe passa, essas são acrescidas por mais uma modalidade, trata-se de suportar a crueldade e avareza dos soldados, pois é raro um imperador conseguir satisfazer tanto ao povo quanto aos soldados, uma vez que esses querem oprimir o povo e receber salário dobrado satisfazendo seu ódio e avareza.

A falta de controle entre ambas as partes foi motivo de ruína de muitos imperadores. O príncipe deve evitar o ódio da massa e ira dos partidos mais poderosos, e como os imperadores são novos príncipes, os mesmos muitas vezes devem optar pelos soldados ao invés do povo, para manter seu prestígio junto àqueles que preferira. Portanto o príncipe para manter seus domínios às vezes é forçado a praticar o mal, pois quando o partido cujo apoio lhe seja necessário para manter sua posição é corrupto, seja o do povo, dos soldados ou dos nobres, precisa amoldar-se a ele e satisfazê-lo, e nesse caso as boas obras serão inconvenientes. Isso normalmente no Império Romano.

Contudo nos tempos de Maquiavel o exército, com exceção feita ao sultão e do soberano da Turquia, tinha menos importância a ser satisfeito do que o povo, ou seja, passou a ser mais importante satisfazer o povo do que os soldados, porque o primeiro pode mais que estes. No capítulo XX Maquiavel trata sobre a utilidade de construir fortalezas, e de outras medidas que os príncipes adotam com freqüência. Quando um príncipe chega ao poder, ele arma seus súditos, pois esses braços armados pertencerão ao monarca, essa atitude ganha a confiança dos suspeitos e mantém a fidelidade dos que já eram fiéis, quando o contrário ocorre, e o príncipe os desarmam, acaba por ofendê-los, deixando a entender que os desarmou por considerá-los covardes ou infiéis; isso faz o soberano ser considerado odioso entre eles.

Normalmente o príncipe quando chega ao poder arma seus súditos, porém quando é um novo Estado, torna-se necessário o contrário, devendo sim desarmar e debilitar os súditos novos, com exceção feita aos habitantes que se colocaram do lado do novo soberano. O poder militar do novo domínio deve ficar nas mãos de soldados que viviam no Estado antigo, junto ao príncipe. Maquiavel afirma que no tempo de “nossos antepassados (os que eram considerados prudentes) costumavam dizer que era necessário dominar Pistóia nutrindo facções, e Pisa com fortalezas, e para esse fim fomentaram diferenças em algumas cidades que dominavam, para poder continuar a dominá-las mais facilmente”. Porém Maquiavel cria que em seu tempo isso era eficaz, uma vez que as cidades divididas dessa forma, quando atacadas, se perdiam, pois a facção mais fraca aderia ao inimigo, ficando a outra sem condição de resistir a essa nova.

Esses métodos demonstram fraqueza do príncipe. Os príncipes adquirem grandeza quando conseguem superar oposição e dificuldades que enfrentam, portanto um monarca não hereditário, deve reafirmar e elevar sua reputação, enfrentando e superando inimigos, acreditando alguns inclusive que, o monarca deve alimentar astuciosamente alguma inimizade, só para usar essa situação para seu próprio engrandecimento. Se principado foi adquirido com o auxílio do povo, não haverá afeto natural e será difícil conquistar e manter sua amizade devido à impossibilidade de satisfazer o povo como um todo.

As fortalezas só devem ser construídas caso o príncipe tema mais aos seus súditos que aos estrangeiros, porém majoritariamente são inúteis, pois vale mais a amizade e estima dos cidadãos do que ter fortalezas. Uma vez que os súditos levantem as armas contra o monarca, nunca faltarão armas estrangeiras para ajudá-los. No capítulo XXI Maquiavel trata de como deve agir um príncipe para ser estimado, devendo ele: fazer grandes empreendimentos (mesmo que para isso tenha que usar a religião de acordo com seus interesses), dar exemplo notável de sua grandeza no campo da administração interna, deve agir como verdadeiro amigo ou inimigo declarado (jamais ficar na neutralidade), nunca se aliar a alguém mais poderoso para causar danos a um terceiro (exceto obrigado pela necessidade, o aliado vencendo o príncipe ficará sujeito ao seu poder, algo que deve evitar o máximo possível), os príncipes devem demonstrar também apreço pelas virtudes, dar oportunidade aos mais capazes e honrar os excelentes em cada arte, devem incentivar os cidadãos a praticar pacificamente sua atividade profissional, devem instituir prêmios para quem é ativo e procurar de um modo ou de outro melhorar sua cidade ou Estado, nas épocas convenientes deve entreter o povo com festas e espetáculos, deve reunir-se com seus membros de tempos em tempos, guardando sua dignidade majestosa e sempre procurar em todas as suas ações conquistar fama de grandeza e excelência.

No capítulo XXII Maquiavel trata sobre a escolha dos ministros dos príncipes, que por não ser coisa de pouca importância, deve ser feita com muita prudência, pois com os homens escolhidos será formada uma imagem ou juízo do príncipe, de sua capacidade e inteligência. O ministro não poderá enganar o príncipe, quando este tiver discernimento em reconhecer o bem ou mal naquilo que se faz ou diz, identificando as boas e más obras do seu ministro, corrigindo algumas e incentivando outras, observando se o ministro busca em todas suas ações o próprio interesse, se assim for, nunca será um bom ministro e nem será digno de confiança, pois deveria sim pensar no monarca.

O príncipe para assegurar a fidelidade do ministro, deve honrá-lo, e atribuir-lhe riquezas e encargos, estratégia esta que visa deixar o ministro com medo de perder tais regalias, sendo lhe fiel. No capítulo XXIII Maquiavel demonstra como se escapar aos aduladores de que as cortes estão cheias, correndo o risco de ser desprezível, mas se fazendo necessário mostrar que não há ofensa ao falar a verdade, porém quando todos podem falar a verdade então se perde o respeito, logo devem ser escolhidos conselheiros sábios e dar-lhes inteira liberdade para falar a verdade, mas apenas quando interrogados, devendo coibir toda tentativa de conselho sem que lhes sejam perguntado algo. Fora esse a ninguém se pedirá conselho. O príncipe, contudo, deve aconselhar-se com muita freqüência, deliberando depois sozinho, do seu próprio modo.

Exceto que por sorte, o príncipe não poderá ser bem aconselhado caso não seja sábio, pois os conselhos sábios nascem da prudência do príncipe, se ele não for sábio não saberá harmonizar os conselhos recebidos, os conselheiros pensarão todos nos seus próprios interesses, e o príncipe será incapaz de corrigi-los, ou de reconhecê-los, pois é típico do homem o falar com falsidade, exceto quando a necessidade os obriga a serem verídicos.

No capítulo XXIV Maquiavel mostra as razões pelas quais os príncipes da Itália perderam seus domínios sendo algumas delas: não saber ser simpático ao povo e defender-se dos nobres, não saber colocar um exército em campanha, ficar despreocupado nos tempos tranqüilos achando que a situação não pode mudar, permitir ser derrubado crendo que sempre haverá alguém para levantá-lo, pois isso pode não acontecer, e se acontecer o mesmo ficará com fama de covarde. Enfim, só são boas e duráveis aquelas defesas que dependem exclusivamente da decisão do príncipe e do seu próprio valor. No capítulo XXV Maquiavel demonstra em como o poder da sorte age sobre o homem e como resistir à mesma.

Ele acredita que a sorte seja árbitro da metade dos nossos atos, mas que nos permite aproximadamente, controle sobre a outra metade. O príncipe deve se precaver antes, agindo com empenho em resistir à sorte quando esta vem com toda sua fúria. Portanto o príncipe que confia inteiramente na sorte e no acaso está fadado à ruína. É necessário ter prudência e agir de acordo com as circunstâncias, devendo adequar seu procedimento ao objetivo que deseja alcançar, sendo infeliz quem age opondo-se ao que seu tempo exige, isso porque não temos capacidade de ajustar nossa sorte de forma humana aos tempos e às circunstâncias de forma automática, se assim fosse possível nossa sorte jamais mudaria. Contudo, é melhor ser impetuoso que cauteloso. No capítulo XXVI Maquiavel trata sobre exortação à libertação da Itália, dominada pelos bárbaros, porque ela encontra-se abatida e cativa, à espera de alguém que possa libertá-la, à espera de um redentor, que Maquiavel aponta como a família Médici, que pode muito bem fazê-lo desde que observem os preceitos já mencionados e esclarecidos ao longo do livro.

Ele esclarece também que as operações de guerras utilizadas em seu tempo já são consideradas inadequadas e não surgiu ninguém que inventasse novos métodos. Sendo os italianos bons em duelos e algumas competições e maus em resultados referentes à exercícios de guerra (algo que deriva diretamente de seus líderes) , há necessidade de um novo tipo de liderança, portanto o príncipe deve organizar forças genuínas e defender o país dos estrangeiros, com a coragem dos italianos, tendo que criar um terceiro tipo de infantaria, assim sendo, o príncipe conseguindo libertar a Itália, seria altamente honroso tal feito, pois nada confere tanta honra à um príncipe do que as novas leis e medidas que introduz, quando bem fundamentadas, causam reverência e admiração. “A guerra é justa para aqueles a quem é necessária; e as armas são sagradas quando nelas reside a última esperança”.