Resumo Comédias Para Se Ler na Escola
Resumo do Livro Comédias para se ler na escola de Luis Fernando Veríssimo.
COMÉDIAS PARA SE LER NA ESCOLA
Luis Fernando Veríssimo, ou LFV, é um dos autores brasileiros de maior sucesso da
atualidade. Conta com mais de 5 milhões de livros vendidos no país, sendo que seu best-seller, desde sua primeira publicação em 1973, Veríssimo já lançou 57 livros.
Grande parte de seus livros são coletâneas de suas crônicas, publicadas em diversos jornais (11 no todo) e revistas.
Veríssimo ficou conhecido principalmente pelo humor sagaz e linguagem simples ao colocar no papel trivialidades do dia-a-dia. Assuntos dos mais variados são tratados pelo autor, incluindo futebol, gastronomia, cinema, música, viagens, literatura, política e outras tantas.
Até o momento, Veríssimo também já produziu quatro romances e um livro dedicado ao seu time do coração, o Internacional de Porto Alegre. Seus romances são um pouco mais refinados que suas crônicas, mas o tom coloquial bem humorado está sempre presente.
Além de textos, Veríssimo produziu diversas tiras "cartoon", das quais apenas a "Brasil banda de jazz, a Jazz6, tocando saxofone.
Luis Fernando Veríssimo nasceu em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936, filho de Érico e Mafalda Veríssimo. Estudou no Instituto Porto Alegre, quando no Brasil, mas passou por escolas nos Estados Unidos quando morou lá, em ocasião de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos.
Voltou a morar nos EUA, com 16 anos, desta vez em Washington, onde passou quatro anos, estudando na Roosevelt High School, onde também estudou música, aprendendo a tocar saxofone, hábito que cultiva até hoje com prazer (possui um grupo, o Jazz 6).
Hoje, é casado com Lúcia Veríssimo ("não é a atriz, não é a atriz!"), sua primeira "namorada séria", há mais de 30 anos. Tem três filhos: Fernanda, Mariana e Pedro.
Não necessariamente nessa ordem, sendo que Pedro é o único que mora na casa da família, no bairro Petrópolis em Porto Alegre, RS. Pedro é vocalista da banda porto-alegrense Tom Bloch.
Sobre a cidade onde reside, Veríssimo diz que não trocaria Porto Alegre por nada, apesar de adorar viajar e conhecer novos lugares. Porém, não se considera um verdadeiro Gaúcho, já que não toma chimarrão, não sabe andar a cavalo e quando começa a gostar da idéia de morar no campo lembra que lá tem "espinho, mosquito e falta de água corrente".
Luiz Noronha, do O Globo, descreve bem o lado pessoal do escritor: "Veríssimo é um poço de paradoxos, produto de um jogo de extremos".
Ao mesmo tempo em que cultiva a timidez, o silêncio e os monossílabos, é tido pelos muitos amigos como um dos tipos mais doces e generosos; no momento seguinte em que cita viajar e comer bem como seus dois maiores prazeres, conta que não mudaria de Porto Alegre por nada deste mundo e se lembra da dieta rigorosa que segue por orientação médica, em função de problemas cardíacos.
Finíssimo estilista da língua, dono de um texto marcado pela mistura de precisão e beleza, ele é capaz de afirmar com orgulho que escreve "por ofício", que é "um escritor comercial, sem grande valor literário, cujo ramo é o do entretenimento". "
LFV é jornalista, mas "do tempo em que não precisava de diploma para exercer a profissão". Seu primeiro contato com o jornalismo foi no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk, mas trabalhou em diversas sessões do jornal ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Antes disso, sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro.
A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, quando substitui a coluna do Jockyman, na ZH. Em 1970, passou a escrever para o jornal Folha da Manhã, mas retornou para a ZH em 75, e passou a ser publicado no Rio de Janeiro também. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, em 1975, do livro "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos.
Passou a ser conhecido popularmente com " incluídas aí diversas sobre esse personagem. Vendeu mais de cento e trinta mil exemplares, em apenas oito meses, um recorde para a época. Voltou "à tona" com seu Privada" fornecido material para o programa "Planeta dos Homens", também na Rede Globo.
Aventurou-se pelo mundo do Romance com " e "Borges e os Orangotangos Eternos" quadrinhos, dos quais, do tipo "Action Comics", ele é fã, criando personagens como "Cobras" e a "Família Brasil"
Atualmente, pode ser lido em revistas (Playboy) e diversos jornais (Zero Hora, O Globo).
Mais na área de hobby, LFV é músico. Saxofonista. Seu grupo, o "Jazz 6", pode ser visto ocasionalmente em apresentações em Porto Alegre e, mais ocasionalmente ainda, em outras cidades, em eventos especiais.
Seu livro escolhido para os Vestibulares da UFSC , UDESC e ACAFE " na escola linguagem clara e parecida com a que a gente fala todos os dias. Assim são os textos de Luiz Fernando Veríssimo.
Comédias para se ler na escola, no entanto, é uma clara tentativa de Veríssimo iniciar, com os adolescentes do ensino fundamental, uma leitura crítica de mundo, seja no mundo social religioso e político, como de um todo, individual e coletivo.
Assim é Veríssimo, transforma os acontecimentos sociais em uma grande comédia como o livro, comédias para ler na escola, faz.
As Mentiras que os Homens Contam", já vendeu quase 350.000 exemplares. No total, Família" continua saindo regularmente, escreveu roteiros para TV e cinema e participa de uma O Analista de Bagé", coletânea de crônicas, "Comédias da Vida, fortemente impulsionado pela série homônima na TV. Anteriormente, já havia O Jardim do Diabo", "O clube dos anjos". Também experimentou bastante no ramo dos As, publicadas em diversos jornais e em coletâneas em livro. Comédias para ler", segundo Ana Maria Machado, são textos curtos, fáceis e divertidos.
ALGUNS TEXTOS DE COMÉDIAS PARA SE LER NA ESCOLA
A ESPADA
Esta história acontece dentro de uma família de classe média alta. Aconteceu no dia do aniversário do filho no sétimo aniversário.
No final da festa o pai percebe que o filho antes de estar contente e satisfeito com os presentes que havia ganhado, estava sério e pensativo.
Foi o dia muito cansativo que abateu o menino, correu o dia inteiro, comendo cachorro quente e sorvetes. Brincando com os convidados por dentro e por fora da casa.
Para quebrar o gelo e ansioso para ouvir o filho: "Que bela festa" iniciou um pequeno diálogo.
- Quanto presente, hein, filho?
- É.
- E a espada. Mas que beleza. Esta eu não tinha visto. Como pesa! Parece uma espada de verdade. É de metal mesmo. Quem foi que deu?
- Era sobre isso mesmo que eu queria falar com você, respondeu sério o menino.
E o menino começou a expor o problema para o pai. Conta que estava predestinado a um dia receber aquela espada, pois teria a missão de ser Thunder Boy.
O pai se surpreendeu com a fantasia do menino, concordando com ele e convidando-o a ir para a cama, mas o menino disse que ele deveria cumprir sua missão e que deveria ir embora e pediu ajuda para o pai convencer a mãe de sua missão, dizendo que se forem sempre pessoas boas voltariam a vê-lo, pois Thunder Boy existe para proteger os bons.
O menino foi, então, para a janela ergueu a espada como uma cruz, e gritar para os céus, Ramil! Ouve um trovão e vê iluminar-se e ficar azul. E seu filho também.
O pai encontrou a mulher na sala. Ela diz:
- Viu só, trovoada.
O pai perguntou quem deu a espada para o menino, nem ela, nem ele sabia.
Pediu para a mulher se sentar, pois tinha uma coisa para contar.
PAPOS
Esse texto continua a fazer referência à linguagem brasileira e a falta de conhecimento da gramática da língua portuguesa.
Veríssimo já criticou a falta de uso do dicionário agora ele mostra como a linguagem popular desconhece a colocação pronominal.
Ex: Eu te digo ou eu digo-te?
Mesmo com o desconhecimento no uso dos pronomes, ênclise no lugar de mesóclise.
Próclise no lugar de ênclise e todo tipo de erros, isso tudo linguisticamente pode estar certo porque como o próprio texto ressalta: Falo como todo o mundo fala. O importante é me entenderem ou entenderem-me?
O HOMEM TROCADO
O homem acorda da anestesia e fica sabendo que tudo correu muito bem.
Então ele se surpreende revela sua preocupação, pois sua vida é uma sucessão de enganos.
Quando nasceu, foi levado por um casal de orientais por engano, somente aos dez anos é que o engano foi percebido.
No cartório quando foi registrado recebeu o nome enganado, foi registrado como Lírio, mas era para ser Lauro.
Na escola recebia castigos por erros que não cometia, sempre por engano. Fez o vestibular, com sucesso, mais seu nome não apareceu na lista, engano no computador.
Recebe contas altíssimas de telefone sem ao menos ter telefone, sempre enganado.
Conheceu sua mulher por engano, pensou que era outro.
Ela o enganava.
Foi preso por engano várias vezes.
Recebe intimações para pagar dívidas que ele não contraiu.
Ficou feliz quando certa ocasião o médico lhe disse: está desenganado.
Engano, não é nada sério.
A enfermeira repetiu a informação do sucesso.
Mais um engano.
A operação era para tirar a apendicite e não para fazer a troca de sexo.
SUFLÊ DE CHUCHU
A filha resolveu ir para Paris, não sabia falar francês, mais quis ir para a França. Contra a vontade do pai e da mãe embarcou num vôo da Varig e lá se foi ela.
Uma semana depois telefona para a mãe e pede com fazer café. Ela tinha arrumado um emprego de doméstica, mas não sabia fazer nada, segundo a mãe. Era uma família muito boa, gostavam muito dela. Ela para agradá-los prometeu na semana seguinte fazer uma feijoada do tipo brasileira.
Telefona para a mãe e pede a receita que a mãe passa com alegria.
Uma semana depois telefona e conta do sucesso, inclusive da nova proposta que recebera para ganhar o dobro do salário, mas não foi porque gostava dos seus atuais patrões. Pediu então para a mãe a receita para fazer moqueca. Feliz a mãe passou a receita e o sucesso foi acontecendo.
A angústia dos pais começou a crescer, se a filha continuar a fazer tanto sucesso certamente nunca mais voltará para o Brasil, nunca mais veremos nossa filha, era o que passava pela cabeça deles.
Como o chuchu era pouco usado na França, Duda para agradar os patrões, lhes prometeu fazer um suflê de chuchu típico do Brasil.
Telefona para a mãe e pede a receita. A mãe passou, mais um sucesso e minha filha esquece o Brasil, passou a receita errada.
Passaram-se dias, semanas e nada de notícias de Duda. A mãe já ficou imaginando o pior. Filha presa por matar seus patrões. Família no hospital por causa de uma trabalhadora clandestina. Imaginava as piores coisas.
Um mês depois, um telefonema de Duda. Apressada de novo. No fundo o som de bongôs e maracas.
- Mãe pergunta pro pai com que letra se escreve Cubanacã!
- Pergunta que é do tempo dele. Rápido que eu preciso para o meu número.
Ouve um conflito no coração do pai. Arrá, ela sempre fizera pouco do meu gosto musical e agora precisa dele. Mas o segundo impulso venceu.
- Diz pra essa menina voltar para casa. Já.
SEXA
O filho cheio de dúvidas pergunta ao pai.
Como é o feminino de sexo?
O pai responde.
Sexo não tem feminino.
Como? Sexo só tem masculino.
O filho continua.
Existe sexo masculino e feminino.
O pai responde. Não tem feminino, só masculino. A palavra sexo é masculino, o sexo masculino e o sexo feminino.
Não devia ser a sexa?
A discussão continua em orno da palavra sexo. Sexo da mulher e do homem os dois são masculino: o pai dizia que os dois são diferentes, mas a palavra é igual.
A palavra é masculina. Mais um impasse, o menino lembra o pai que a palavra é feminina.
Comenta com a mãe do menino.
Temos que ficar de olho nesse guri.
Ele só pensa em gramática.
A FOTO
Foi uma festa de família. Festa de fim de ano. Toda família reunida. A bisa, o bisa,
organizaram as posições que cada um iria ficar como: filhos, noras, genros, netos, bisnetos, tudo organizado, tudo pronto só faltava o fotógrafo.
Começou então a briga para ver quem iria tirar a foto, todos queriam aparecer na foto.
O primeiro a ser escolhido foi Castelo o genro mais velho, aquele que sustentava a velha.
Era o dono da máquina, e não aceitou.
O marido da Betinha se ofereceu, foi impedido pela mulher. Havia certa resistência ao marido de Betinha, Mário César.
Betinha sugeriu o Duda o filho moço de Andradina, casada com Luiz Olavo. O Duda até que aceitou, mas foi impedido pela mãe.
Alguém criticou a máquina fotográfica de Castelo, ele não ligou. Todos tinham ciúmes dele, porque tinha um Santana novo, viajava constantemente para a Europa. Tinha o apelido de dutifri porque comprava " Duty Free" da Europa. Houve várias propostas, mas todas rejeitadas.
O Bisa vendo que a fotografia não saia, tirou ele mesmo a fotografia. Todos protestaram. Não adiantou. Aos protestos respondeu: Eu fico implícito, e acionou a câmera.
SIGLAS
O texto é a tentativa de um grupo político encontrar um nome para seu partido político,
mais que formasse uma sigla que impressionasse o leitor. Começaram com a palavra união, ficaria partido da união mobilizadora (PUM). O nome tudo bem mais a sigla...
Depois tentaram partido social trabalhista (PST). Não aprovou por causa do nome trabalhista. Viram outra siglas como "AI", "VC", "ARRE", "PCB" " PC do B", "PERU", "KIM".
A procura da sigla não é argumento principal do texto, mas a critica a formação dos partidos políticos que, muitas vezes ao montarem seu partido não sabem nem mesmo que ideologia defendem:
- Espera aí pessoal, quem sabe a gente define a posição política antes de pensar na sigla.
Qual é, exatamente, a nossa posição?
E mais, aceitamos qualquer coalizão para impedir a propagação do comunismo no Brasil.
- Não devemos ter medo de acordos e alianças. Afinal, um partido faz pactos políticos por uma razão mais alta.
O texto termina mostrando o descanso que os políticos brasileiros dão ao montar seu partido e a maneira como tentar iludir o povo. Mesmo antes de ser montado já existem membros do partido abrindo dissidência.
UM, DOIS, TRÊS
O autor do texto expressa o desejo de fazer uma crônica como uma valsa, onde as notas musicais mantêm a cadência cheia de rimas como quimera e primavera.
Os parágrafos seriam versos e figurações. Em cada peito palpitações, os namorados trocando olhares, as tias em seus lugares, mais de repente tudo para.
Com as notas musicais, o autor faz uma combinação de versos. A crônica não é mais como uma valsa. O ritmo já mudou. A orquestra já não mais singela como uma valsa.
A orquestra de professores já é uma agressão aos professores e ao mesmo tempo ao sistema de ensino.
Depois uma cena de ciúmes que acaba mal. O cronista já está desesperado, sentindo-se traído porque perdeu o ritmo e a rima. Então ele reconheceu que: Eu só queria fazer uma crônica como uma valsa antiga, que rodopiasse pela página como um comendador cansado e sua compreensiva amiga. Cheia de rimas sem compromisso aparente. Nem com couro, nem com prata, nem com a crise do acidente.
O ATOR
Esse conto conta a história de um homem que chega a casa depois do trabalho e encontra sua rotina mudada. Sua casa não é sua casa, mais um cenário onde está sendo rodado um filme.
Não concorda com o que está acontecendo, mais de nada adiantam seus protestos. Com esse texto o autor quer passar a mensagem de que o mundo é um palco, que tudo foi predeterminado, que não somos mais do que atores.
Tudo está predeterminado com script e tudo.
DA TIMIDEZ
Ser um tímido é uma contradição. A tese que o texto defende é que na verdade existe um erro de interpretação para o comportamento tímido e do extrovertido.
O tímido, mesmo não sabendo, sua timidez é uma forma de chamar a atenção., enquanto que o extrovertido age de maneira a chamar a atenção de todos, não propriamente para chamar para si a atenção, mas para esconder sua timidez.
Segundo o texto, ninguém é mais tímido do que extrovertido. Já o tímido usa sua timidez para disfarçar a extroversão do tamanho de um carro alegórico, segundo o texto, dentro de cada Elke Maravilha existe um tímido tentando se esconder e dentro de cada tímido existe um exibido gritando. "Não me olhem, não me olhem." Só para chamar a atenção.
O tímido está sempre desconfiado de que as pessoas estão pensando sobre ele, e pior,de que as pessoas estão sempre rindo dele ou falando dele.
O tímido está sempre com dedo de cometer uma, ou ser acusado por algo que não fez. O tímido é uma pessoa convencida de que é o centro do universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó.
ABC
Quando a gente aprende a ler.... O aprendizado da leitura deveria ser de forma inverso quando somos crianças aprendemos a ler palavra grande, letras grandes, frases curtas.
Quando somos velhos com a vista comprometida somos obrigados a ler palavras pequenas e frases longas. Mas não é essa crítica maior que o texto faz e ensina da leitura.
A preocupação da cartilha é apresentar as letras, sempre grandes e coloridas. A medida que a gente vem crescendo as letras vão diminuindo, e fica cada vez mais difícil de fazer leitura.
Esta é a critica. Quando aprendemos a ler lemos apenas palavras, frases sem sentido, palavras avulsas. Não aprendemos o verdadeiro sentido das palavras, por isso, perde-se o contato com a leitura e o interesse de praticá-la.
De tanto ler palavras, nunca mais reparamos nas letras. De tanto ler frases, nunca mais notamos as palavras, com todos os seus mistérios.
Por exemplo: a palavra "esdrúxulo". O que é esdrúxulo, sei lá é uma palavra, na verdade, acho que as crianças deveriam ler livros de Hegel e me tratado de metafísica.
Só assim a criança toma gosto pela leitura e na velhice já teríamos lido todos os livros e acumulado muita sabedoria e conhecimento, leríamos nosso último livro: A Cartilha.
FOBIA
O texto se divide em três partes, na primeira parte, o autor narrador, mostra o medo que ele tem do passado e por que.
Diz ele que os que defendem a vida pastoril, nunca se lembram dos insetos, fazem das moitas o banheiro, do chão o fogão, dos gravetos o gás. Diz ele, que mesmo dizendo que a vida no campo é paraíso, os que defendem esse tipo de vida nunca descrevem como realmente é.
Ele, o narrador, não suportaria voltar ao passado, sem armazém por perto, para ler, quase nada sem pensar. A única concessão que faz o passado é usar bermudas, e longas, pois curtas já é uma volta ao passado. (antigamente usava-se calças curtas).
Na segunda parte tem algumas definições de medo ou fobias com: claustrofobia ( medo de lugares fechados) agrofobia ( lugares abertos) acrofobia ( altura), collorfobia ( medo do que ele nos vai aprontar agora) este termo origina-se do nome do ex-presidente, ailurofobia ( de gatos) iatrogobia ( de médicos) treiskaidekafobia (do número treze), o medo maior do nosso narrador, no entanto, é ficar em algum lugar sem nada para ler, chama essa necessidade de leitura vício que começou com a gutembergommania ( a imprensa).
Conta que uma ocasião, sem nada para ler procurou até no banheiro etiquetas ou qualquer coisa que lhe matasse a vontade de palavras. Aqui, numa terceira parte, ele faz uma crítica aos hotéis que não oferecem nada para ler, nem uma revista, das mais comuns possíveis, o máximo que se pode encontrar nos hotéis é uma Bíblia. Conta que uma vez ligou para a telefonista de um hotel onde estava hospedado e pediu uma revista "Amiga".
A resposta foi imediata:
- Desculpe senhor, o hotel não permite companhia feminina.
Quando falou que se tratava da revista, a telefonista informou que não lia nenhum tipo de revistas e que ela para passar o tempo fazia tricô.
ANEDOTAS
De onde vêm as anedotas? Ninguém sabe. Defende a tese que: como do nada surge alguma coisa, as anedotas também nascem assim. Ninguém sabe que as inventou.
Não possuem direitos autorais, as anedotas são como as drogas, não se conhece a procedência e o seu fornecedor.
Explica que as anedotas são como um teorema: exposição, desenvolvimento, desenlace.
Conta que existem bons contadores de anedotas, mas que com o tempo vão perdendo a habilidade e começam a contar as anedotas começando pelo seu fim.
Define a anedota como sendo a grande manifestação da inventividade popular, da inteligência clandestina que mantém vivo o espírito crítico, mesmo quando tentam reprimi-lo.
Quem quiser saber o que pensam os brasileiros dos seus líderes desde o primeiro Pedro deve procurar nas anedotas, não na história oficial.
Essa tese não vale só para as autoridades brasileiras, mas também para as estrangeiras conforme conta uma passagem com a política russa envolvendo os ministérios russos e Stalin.
O texto conclui com uma crítica ao computador. Diz ele que o computador pode fazer alguma coisa, pode até inventar um romance mas não será capaz de inventar uma anedota.
DIREITOS HUMANOS
Um grupo de turistas americanos passeavam pelo Rio de Janeiro dentro de um ônibus de turismo acompanhados por um guia, com seu inglês, ia respondendo as perguntas dos turistas e dando as informações turísticas e tudo mais, quando uma cena que chamou a atenção de todos.
A cena mostra de como a contravenção funciona abertamente no Brasil, sua força e a capacidade de conseguir prestigio e proteção mesmo junto as comunidades estrangeiras.
Algemiro, o motorista de ônibus, parou repentinamente a condução e gritou:
- O Budum filho.
Budum Filho bicheiro da cidade do Rio de Janeiro, segundo explicou Algemiro para os passageiros, estava lhe devendo dinheiro de um jogo que ele havia ganhado e Budum não lhe havia pagado.
Budum vendo-se agredido por Algemiro, e não tendo o que fazer pediu aos americanos.
Rélpi, madame!
O criminoso se protegendo em outro crime.
Tendo sido atendido, Algemiro foi menos violento, mais não largou Budum.
Algemiro continuou a cobrar a grana do bicheiro. Diante da demora para resolver o problema, outro americano se sentindo muito forte, com a autoridade americana, se apresentou para mediar. Não obtendo sucesso sugeriu que chamasse as autoridades que foi subitamente negado pelos dois.
A autoridade neste ônibus sou eu, disse Algemiro. Mostrando para os americanos o pouco prestigio que as autoridades brasileiras têm junto a população.
Diante do pedido do guia, Algemiro concordou em dar continuidade a viagem, mas com uma condição: Budum seguiria junto.
Budum seguiu junto e durante o passeio foi conquistando os americanos com seu canto, boa conversa e tudo o que o brasileiro sabe fazer para conseguir a confiança, principalmente a confiança dos estrangeiros, mesmo que com sua esperteza conquiste os de Algemiro continuou pressionando. Budum tentou impressionar Algemiro citando Clinton e os direitos humanos, mas Algemiro citou Bush com toda sua agressividade.
BOBAGEM
Emocionado e um pouco bêbado, aos cinco minutos do ano novo ele resolveu telefonar para o velho desafeto.
Desde aquele desafeto nunca mais teve contato com aquele velho amigo. Tinha apenas o telefone dele. Arrependido e com saudades dos velhos tempos tentou desfazer o mal entendido daquela ocasião e voltar tudo as boas como era antes.
Aproveitando o fim do ano e o começo do ano novo, com o pretexto de desejar sucesso e prosperidade no ano que se iniciava, ele foi tentado desfazer a velha desavença.
Dizia ele: Eu nem me lembro mais por que brigamos, perguntou por Vivinha, lembrou-se até de suas enxaquecas. Começou então a refletir sobre o que havia acontecido.
Achou que uma bobagem os afastou durante muitos anos e acreditava que as pessoas precisam se reaproximar.
Aquele seria seu projeto para o novo milênio. Reaproximar-se das pessoas.
Continuou a reclamar arrependido. Propôs um encontro como antigamente, no lugar, mas deveria ser para ontem. O outro sugeriu que fosse hoje, porque se fosse para ontem certamente estaria bêbado e faltaria como aconteceu naquela vez que brigaram.
HÁBITO NACIONAL
O conto faz menção a um hábito característico do brasileiro: " Sempre se dá um jeitinho na ultima hora" ou melhor, considerando que naquele avião viajavam personalidades brasileiras, civis e militares, por que não se tratar de suborno, aconteceu uma pane no avião e o piloto avisou que se espatifariam no chão. Nada mais tinham a fazer que durante os poucos minutos que ainda lhes estavam, eles resumidamente confessassem seus pecados e rezassem.
O avião realmente se espatifou no chão.
Chegando no céu forma recebidos por São Pedro, que de cara amarrada disse:
Recebemos suas confissões e seus pedidos de clemência e entrada no céu.
São Pedro pede que se identifiquem pelo crime:
Começaram: " Torturador", outros, " enganei milhares", outro " corrupto", outro "terrorista" outro "roubei" outro " me locupletei" outro "matei" etecetera.
São Pedro sacudiu a cabeça e diz que seus requerimentos forma rejeitados, pois quase todos os analistas da comissão do perdão, depois pelo painel de admissão, na câmara lata, na qual faz parte também São Pedro, os requerimentos foram rejeitados pela grande maioria.
Ouve apenas um voto a favor, o voto mais importante. O voto de Deus, por isso eles foram perdoados e puderam entrar no céu, ...sabe como é, ele é brasileiro...
PALAVREADO
Neste conto Veríssimo reuniu grupos de palavras, transformou cada palavra num personagem, deu uma tarefa para cada palavra personagem e construiu uma história diferente para cada grupo. A personagem que cada palavra incorreta não tem nada a ver com seu significado original.
Antes de criar as histórias com as palavras ele faz menção a palavra " fornida" que deve ser uma gíria gaúcha, que quer dizer: roliça, carnuda cheia. E quente. Talvez seja a semelhança com forno.
A primeira história com as palavras ele reuniu as palavras: lasciva, deu para ela o título de imperatriz. Cruza a ponte safena montado em seu cavalo escarcéu. Avista a mulher vestida comum bandalheira, lançou um olhar cheio de betume e cabriolé. Segue-a até um jardim e ela deixa cair a bandalheira, sobe por um escrutine e desaparece por uma porciúncula. Lípido a segue. Ela chama: Cisterna! Vanglória! Suas escravas. Lípido tira a roupa: o sátrapa, o limpem e dois fátuos. Fica só de reles e vai para cama.
Lasciva diz: cala-te sândalo. Quero sentir o seu vespúcio junto ao meu passe-partout.
Muxoxo prepara-se para cortar a cabeça do trovador. O cavalo escarcéu salvou lípido que saltou a janela e se mandou. A imperatriz mandou levantar a ponte safena, mas já era tarde.
A outra história coloca as palavras para fazerem negócio.
Otorrino é um fazendeiro e tem muitos animais chamados falácia. As falácias nunca estão onde parecem estar. Todos os dias otorrino e sua mulher bazófia saem pelo campo contar falácias.
Um dia apareceu outro fazendeiro chamado Pseudônimo e propôs comprar todas as suas Falácias. Ofereceu mil pinotes por falácia. Cinco mil falácias por cinco mil pinotes.
Surpreso otorrino, após fechar o negócio, perguntou: Onde estão os pinotes?
Pseudônimo respondeu: Os pinotes são como as falácias, nunca estão onde parece que estão.
No terceiro jogo de palavras ele usa "lorota" falcatrua e martelo.
Lorota e a namorada de falcatrua que a explora, moram juntos num pitéu.
Falcatrua vendeu para o italiano martyelo falácias inglesas. O italiano furioso foi ter com Lorota e cobrou, com uma montanha de insultos como: cantochão, acepipe, milandres de marca maior. O malandro falcatrua havia vendido as latas vazias.
O JARGÃO
O texto faz referência aos jargões. Mas os jargões não são objetivo principal, mas uma crítica aos analistas econômicos como veremos a seguir.
Diz o narrador que se ele tivesse que viajar em um cruzeiro, todos os jargões náuticos seriam todos compreendidos por ele e certamente entenderia perfeitamente a linguagem náutica, como; largar a vela bombom, não podemos perder o vizeu.
Vizeu é um vento, "lume da lacatra" falcatrua, "sofana". Perigoso fenômeno que percorre com a vela por causa das condições atmosféricas que pode decapitar o piloto. Cruzar a spínola, montar a sirigaita, tudo a macambúzio etc.
Quando fala da linguagem econômica o narrador diz que: não dizendo que quem escreve sobre economia não sabe o que está dizendo ou se aproveita da ignorância generalizada para enganar.
Estou dizendo que a análise econômica é uma arte tão imprecisa, que mesmo desconfiando do abuso a maioria hesitaria antes de denunciá-la, quem garantiria que meu enfoque diferente mina a defesa de um "overspread", corretivo sobre a base de pagamento, por exemplo não era novidade que merecia estudo, já que ninguém parece mesmo saber o que é certo.
PUDOR
Certas palavras nos dão a impressão de que não voam ao sair da boca.
Veríssimo continua brincado com a linguagem da língua portuguesa e nesse texto faz referência a dicção das palavras. Umas por causa de sua estrutura e formação outras pelo que significam.
Ele usa a palavra sílfide é uma palavra que não tem nada a ver com o que ela significa,
ela se torna vazia, transparente. Ao contrário de sua mulher silfo voa, continua dando exemplos de outras palavras que não voam como: zupt, plopt. A própria palavra borboleta voa. Elogia a palavra sobrancelha, diz que é bonita, mesmo não voando paira no ar leve como neblina.
Faz em seguida uma análise da palavra trilhão e todos os seus significados desde antigamente quando quase não era dita. Trilhão já significava incalculável.
Logo em seguida conta um fato de sua biografia quando foi lhe feito a pergunta de qual era a população da China: respondeu: Numerosa.
Disse numerosa porque poderia significar trilhão. Hoje todos os dias ouve-se a palavra trilhão, trilhão passou a fazer parte do nosso cotidiano, foi se tornando nosso intimo. O tri esteve envolvido também na reforma da nossa moeda, tiram os seus zeros.
Depois do trilhão devemos nos preocupar com o quadrilhão, pois será que ela que deverá passar pela próxima reforma. Se cair no chão e recuperá-lo ou tentar recuperá-lo sempre sobra alguma coisa.
As reformas monetárias quando vem, são sempre para acomodar as máquinas calculadoras, nosso senso de ridículo, já que caem os zeros, mas nada realmente nada muda.
A próxima reforma seria a primeira motivada, também, por um pudor lingüístico. No momento em que o quadrilhão se instalasse no nosso vocabulário cotidiano alguma coisa se romperia na alma do brasileiro, seria o caos.
Caos, você, é uma palavra chicle-bola. Pode explodir na sua cara.
DEFENESTRAÇÃO
O texto faz uma brincadeira com as palavras de origem estrangeira e a confusão que ela provoca na linguagem cotidiana, assim como outras palavras de pouco uso lingüístico sem prévio conhecimento poderia levar a significados confusos.
Hermeneuta, daquele significado convencionado, poderia fazer referencia a um andarilho.
Como diz o texto: "Lá vem um hermeneuta.".
Traquinagem, sem um conhecimento prévio, poderia causar confusão, pois poderia se pensar que é uma peça mecânica.
Plúmbeo, outra palavra estranha, que sem o hábito de consultar o dicionário, poderia ser confundida com o som de alguém caindo na água.
Mas a maior confusão são com as palavras de origem estrangeira, salvo a latim e o grego formadoras da língua portuguesa, as outras línguas só vieram para complicar.
A palavra "defenestração". Se o significado não for buscado no dicionário, se tentar adivinhar seu significado, com certeza deverá ter muitas dificuldades para acertar o significado.
O texto, humoristicamente, dá algumas dicas da confusão:
Poderia ser um galanteio e levar um tapa na cara.
Poderia ser algo contra os insetos.
Poderia ser daquelas misteriosas palavras que encerram documentos formais.
Mas com o auxílio do dicionário descobriu-se que defenestração tem origem francesa e significa o ato de atirar algo ou alguém pela janela.
A partir do significado o autor do texto, Veríssimo, faz várias menções humorísticas com várias interpretações como:
Com os novos prédios com mais de três andares, defenestrar deve ser proibido, atirar alguém e de um prédio de dois ou três andares deve ser proibido, pode não acontecer nada, mas se for atirado de um prédio de 20 andares já não é mais defenestração e sim assassinato.
Consultado um analista com a pergunta. E esta de atirar alguém pela janela, doutor..
Humm. Os impulsos defenestrex de que nos fala Freud. Algo a ver com a mãe. Nada com que se preocupar, diz o analista afastando-se da janela.
O texto critica a linguagem popular por desconhecer muitas palavras da língua portuguesa como se percebe na piada a seguir.
Noivos em lua de mel:
Querida, eu sou um defenestrador.
A noiva foi para a cama:
Estou pronta para experimentar tudo com você.
Uma multidão cerca um homem na calçada:
Entre gemidos disse:
Fui defenestrado.
Alguém comentou:
Coitado, e depois ainda atiraram ele pela janela.
PÁ, PÁ, PÁ
Este conto humorístico apresenta uma americana que não conseguia entender certas expressões da língua portuguesa.
Começou com a confusão do "pois é", "pois sim", "pois não".
Alguém lhe explicou que "pois é", é usado quando alguém não sabe o que dizer ou não quer dizer. A confusão da americana se estendeu com o, pois não. "Pois não" quer dizer: tudo certo, a vontade, estou ouvindo. Em resumo, quer dizer "sim".
Quis saber do, pois sim e a resposta foi que: pois sim quer dizer "não".
A confusão foi crescendo mais ficou nisso mesmo. "Pois sim" quer dizer "não".
Diante do problema lingüístico da língua portuguesa o interlocutor criticou a língua inglesa que se escreve de um jeito e se lê de outro.
Mas o problema maior da americana era com o "pá, pá, pá", o interlocutor começa explicar que "pá, pá, pá" quer dizer muita coisa: uma coisa que a gente ouve, significa três pontinhos.
E a americana levantou mais um problema da língua portuguesa: o "pá, pó, pi,pu" diante de tantos problema encontrados pela americana na língua portuguesa, o interlocutor queria vingar-se perguntando do problema dos negros nos Estados Unidos.
Mas não perguntou.
Finalmente, é a expressão utilitária, substitui várias palavras, várias palavras por apenas três. "Pá, pá,pá".
Mas não são palavras, são só barulhos. Pá, pá, pá.
Pois é, disse eu.
Ela foi embora.