Resumo A Guerra do Bom Fim - Moacyr Scliar

Resumo do Livro A Guerra do Bom Fim - Moacyr Scliar.

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Resumo A Guerra do Bom Fim - Moacyr Scliar
A Guerra do Bom Fim

Em 1943 as noites eram negras. O país estava em guerra com a Alemanha e observava-se o black-out, furado de vez em quando pelos quinta-colunas que acendiam os cigarros para dar aos Stukas e Messerschmitts a posição da defesa anti-aérea no Bom Fim. Os nazistas estavam em toda parte; na Rua Fernandes Vieira foram descobertos numa fábrica de caramelos, que foi cercada e incendiada pelas tropas da Fernandes Vieira, grande quantidade de balas café com leite sendo capturada na ocasião. 

Mas, em geral, as noites eram quietas; noites de inverno, ruas quase desertas. As famílias se reuniam em torno da mesa da cozinha. Um samovar fumegava. Tomava-se chá; comiam-se bolachas, latkes, sementes de girassol. Da Oswaldo Aranha vinha o pregão do vendedor de pinhões: pinhão quente, gritava ele, está quentinho o pinhão.      

Contava-se uma história da Rússia. A voz do vendedor de pinhões ia se extinguindo; só o abafado trovejar do bonde J. Abott e o longínquo latido do cão "Melâmpio" quebrava o silêncio. Os vizinhos se despediam, voltavam para suas casas caminhando encurvados na cerração. Hora de dormir - anunciava Samuel aos filhos; Joel e Nathan dormiam na mesma cama. Despiam-se lentamente, observando-se; Joel era baixo, ruivo e sardento, Nathan pálido e magro.      

Deitavam-se.      
Nathan nunca dormia. Ficava quieto, de olhos muito abertos, fixos no forro de velhas tábuas, sobre o qual corria, gordo e ativo, um velho rato cinzento chamado "Mendl". Joel olhava o irmão, olhava o forro. Inquieto, sussurrava: "Dorme, Nathan. Dorme, irmão". Encostava a orelha no crânio do outro, e ouvia sons, notas fugazes.      
Ao longe, cruzavam-se os holofotes dos navios surtos no cais. Procuravam Stukas e Messerschmitts.