Livro Iracema

Publicado em 1865, Iracema já originou mais de uma centena de edições. Romance indianista que relata, em prosa poética, um grande idílio, foi um livro amado pelos leitores de todas as épocas. De enredo simples – uma índia ama um homem branco, sofre e morre de amor –, o texto é, todavia, emocionante e trabalhado com rigor e maestria pelo autor. Escrito em prosa lírica, sua musicalidade é tamanha que pode ser lido como um longo poema, tantas são as figuras poéticas, os símbolos, os ritmos e as imagens que o permeiam. A ação se situa no século XVII, e a linguagem floreada e original de Alencar objetiva criar um mito das origens nacionais.

O enredo é cheio de símbolos. Comecemos pela própria Iracema, heroína do livro. Considerando as mulheres índias como as verdadeiras conquistadoras da terra, Alencar estabeleceu que as mães indígenas eram a essência das virtudes da raça; por isso Iracema reunia em si qualidades de mulher, esposa e mãe. Por amor ao esposo, Martim, renuncia à pátria tabajara e à religião, da qual era a virgem sacerdotisa. Pelo filho Moacir sofre, amamentando-o com o próprio sangue. Como mulher, é consumida, silenciosamente, pelo desprezo do homem que ama.

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